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Influência e inspiração em momentos diferentes da vida

Eduardo Schulz • February 23, 2021

Acesso randômico à memória.

Escrevendo este texto eu sinto que tenho feito exatamento o que o título do capitulo de hoje diz, revisito memórias musicais sem uma ordem específica, lembro de momentos e me inspiro a contar as histórias por aqui.

Pode parecer forçado, mas o grupo de hoje já estava na minha lista de memórias e foi colocado "na frente da fila" pela notícia do fim da carreira. Hoje vou falar pra vocês qual é a minha relação com o duo francês de mascarados Daft Punk (citados indiretamente aqui no blog no capítulo do AIR).

Em 1997 eu tinha 16 anos e o disco que não parava de tocar nos encontros com os amigos era Homework, muito impulsionado pelos clips que passavam na MTV com as caveiras subindo e descendo escadas de Around The World e do cachorro andando pela cidade de Da Funk. A combinação da música cheia de efeitos e timbres dos sintetizadores que para mim eram muito diferentes, aliados aos clipes faziam daquilo algo magnético... quando soube que os caras ainda por cima usavam sempre máscaras e "ninguém" sabia quem eram, tornavam tudo ainda mais interessante. O fato é que ouvimos tanto esse CD que ele literalmente acabou.

Despois disso não achei os álbuns seguintes não tão interessantes, talvez por eu achar mais pop, mais "mainstream", sei lá... apesar disso as memórias dos momentos ouvindo Homework sempre foram muito especiais e com o passar dos anos eu comecei a produzir música eletrônica e fui ficando cada vez mais apaixonado pelos equipamentos e instrumentos que eram/são usados, e é aí que tenho um outro link com os caras, pois eles também são gearfreaks (fotos do setup de palco abaixo), e tinham uma postura muitas vezes crítica com a forma como muitas músicas são feitas apenas no computador, pois não consideravam o equipamento um "instrumento".

Depois de muitos anos um dos motivos que voltaram minha atenção mais uma vez para o que eles estavam fazendo, foi o álbum RAM - Random Access Memories (título do blog de hoje) que foi idealizado e gravado com inspirações de uma época onde se "usava" instrumentos, músicos, estúdios e graaaandes orçamentos, como era nos 70 e 80, inspirações diretas do disco e dos membros da dupla.
Pode parecer tudo uma jogada de marketing ou qualquer coisa do tipo, mas de fato foram mais investidos mais de 1 milhão de dolares na produção do álbum, foram contradados músicos que eram as referências daquelas décadas, Nile Rodgers nas guitarras, participação de Giorgio Moroder, produção de Mick Guzauski, entre outros.
Além desta parte dos músicos, tudo foi gravado grandes estúdios, simultaneamente analógico e digital ao longo de 5 anos. Vale lembrar que vinhamos de um período onde a tendência era que tudo fosse feito apenas digitalmente, sem o uso destes recursos, pois são caros e até certo ponto eram visto como ultrapassados, porém nas palavras de um dos técnicos que trabalhou no gravação do álbum a dupla queria "...inspirar as crianças a novamente pegarem um instrumento real, ao invés de apenas apertas botões".

O álbum produzido como idealizaram foi um sucesso absoluto, porém ele soa completamente diferente (que bom pra mim)do que vinham lançando. A crítica os aclamou mais um vez por sua visão, vencendo inúmeros prêmios, e sendo considerado por muito o álbum com melhor som do século 21 até então. Talvez o melhor comentário que lí sobre o disco foi de um crítico (que não me recordo o nome) que diz "RAM é o melhor disco da Donna Summer que ela nunca lançou."

Ficam as lembranças e essa singela homenagem ao Daft Punk por sua contribuição para a música como um todo e uma pergunta:
você acredita que a única coisa que importa é o resultado final ou você acredita que o processo como as coisas são feitas também é fundamental?

Nos videos abaixo Around The World do disco Homework e Giorgio by Moroder de RAM com esse lindo relato do próprio Giorgio e uma foto do setup do palco Pyramid com 4 Moog Voyagers em destaque e vários controladores.

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